Novo exame aumenta em 30% a detecção do câncer de mama
O câncer de mama é uma doença desafiadora e o diagnóstico precoce é uma peça-chave na cura. A mamografia ainda é, hoje, o método padrão ouro no rastreamento do câncer de mama, causando um impacto considerável na redução da mortalidade. Mas, acompanhando o processo de evolução científica da luta contra a doença, um novo tipo de exame é capaz de detectá-la com maior eficácia e precisão: a tomossíntese.
Considerado um avanço tecnológico, o método aumenta em pelo menos 30% as chances de identificação de cânceres, particularmente tumores invasivos naquelas mamas mais difíceis de serem avaliadas, por exemplo as densas e heterogêneas. Imagens sequenciais obtidas através do deslocamento do braço móvel do aparelho, também com a mama sob compressão como no método digital 2D, possibilitam a avaliação da mama em finos cortes ou fatias, proporcionando um estudo mais detalhado da glândula.
Essa mais recente modalidade de mamografia digital, a Tomossíntese ou também conhecida como “Mamografia 3D”, melhora comprovadamente o desempenho diagnóstico do método, caracterizando melhor as lesões, com a mesma dose de radiação e discreto aumento no tempo de execução do exame.
A mastologista da Rede Meridional, Karolline Abreu Vilela, destaca que uma das principais vantagens da tomossíntese é a capacidade de reduzir a sobreposição do tecido fibroglandular, facilitando a visualização dos tumores na mama. “A junção dos princípios da mamografia digital convencional com a tecnologia “3D” nos possibilita ver de forma mais precisa os tumores. Outras vantagens desse novo método é reduzir tanto a taxa de reconvocação quanto a necessidade da realização de incidências adicionais. É uma ferramenta que representa um enorme avanço, pois acaba diagnosticando mais tumores de mama do que o exame digital tradicional”, conta a médica. “
A mais recente evidência sobre o assunto é um estudo publicado na conceituada revista científica Lancet Oncology, que mostrou que a tomossíntese é capaz de detectar 48% mais tumores invasivos do que apenas a mamografia tradicional. A pesquisa, conduzida pela Universidade de Munster, na Alemanha, rastreou 99 mil mulheres com idade entre 50 e 69 anos.
Entre 5 de julho de 2018 e 30 de dezembro de 2020, as pacientes foram aleatoriamente designadas para realizar um dos dois exames. Os resultados mostraram que a taxa de detecção de câncer de mama invasivo foi de 7,1 casos em cada mil mulheres rastreadas pela tomossíntese, em comparação com 4,8 casos por mil mulheres no grupo da mamografia.
“No Brasil, o método já está disponível em alguns serviços particulares e públicos especializados como o Centro de Diagnósticos do Hospital Meridional Vitória. Acreditamos que o crescente número de evidências a favor da tomossíntese devem fazer com que o uso dessa modalidade de mamografia seja propagado cada vez mais”, conclui Karolline.
O que é tomossíntese mamária?
A tomossíntese mamária é uma modalidade de mamografia digital realizada em equipamento dedicado, semelhante a um mamógrafo tradicional. Nele, o tubo de raio x está localizado no braço móvel do aparelho, que se desloca durante o exame, realizando uma sequência de imagens a cada 1mm de espessura, em diversos ângulos. E esta sequência de imagens fica imediatamente disponível para o médico radiologista, digitalmente, para leitura, se apresentando como um “filme”.