Avanços na urologia do ES: cirurgias inéditas para o tratamento de incontinência urinária grave
No Brasil, cerca de 10 milhões de brasileiros apresentam algum grau de
incontinência urinária, que costuma afetar 45% das mulheres e 15% dos
homens acima de 40 anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia
(SBU). A condição afeta milhões de pessoas em todo o mundo, impactando
significativamente na qualidade de vida.
Graças aos avanços urológicos no Espírito Santo já é possível a realização de
novos tratamentos mais eficazes. O doutor e professor José Tadeu Carvalho
Martins que é urologista realizou, em março, no hospital Meridional Serra, duas
cirurgias inéditas no Estado. Uma delas foi a neuromodulação sacral, uma
técnica inovadora e minimamente invasiva, que utiliza estímulos elétricos para
regular a função da bexiga, do intestino e do assoalho pélvico. O procedimento,
de alta complexidade, foi feito em um paciente, de 66 anos, com bexiga
hiperativa refratária.
O médico explica que foi o primeiro implante de neuromodulador sacral do
sistema InterStim X, realizado no Estado. É como se fosse um marca-passo ou
chip para regular a bexiga. “É um dispositivo que dispensa recargas e com vida
útil de mais de 10 anos, proporcionando uma melhoria significativa em relação
aos modelos anteriores, pois reduz a necessidade de reintervenções cirúrgicas
em longo prazo”, explicou.
A tecnologia InterStim-X ajuda no tratamento da perda de urina, enviando
impulsos elétricos para os nervos sacrais, que promovem o controle desses
órgãos. Proporcionando, assim, alívio de sintomas e a melhora imediata do
quadro clínico dos pacientes.
O especialista aponta que essa técnica é indicada para pacientes com
incontinência urinária, fecal e dor pélvica crônica que não responderam a
tratamentos convencionais. Os benefícios da neuromodulação sacral incluem
melhora significativa da qualidade de vida, redução dos sintomas e
recuperação do controle sobre as funções corporais, proporcionando maior
autonomia e bem-estar aos pacientes.
Já a outra cirurgia, também realizada no Meridional Serra, foi a colocação do
esfíncter urinário artificial AMS 800, com InhibiZone (um material com maior
resistência contra infecção), em um paciente, com 76 anos, que estava em
tratamento de incontinência urinária, após a realização da cirurgia de
prostatectomia radical robótica para tratar câncer na próstata.
Segundo Carvalho, o esfíncter urinário artificial é um dispositivo projetado para
tratar a incontinência urinária, especialmente em pacientes que não
responderam bem a outros tratamentos. Ele simula a função do esfíncter
natural, controlando a liberação da urina da bexiga. “O InhibiZone é indicado
para reduzir o risco de infecção, possui cobertura antibiótica de amplo espectro
contra bactérias comumente associadas a infecções de implantes, se tornando
muito eficiente, pois padroniza a abordagem cirúrgica e oferece resultados
consistentes”, enfatizou.
Entre os benefícios do procedimento está o controle da incontinência urinária
grave, a melhoria na qualidade de vida e confiança das pessoas que sofrem
com esse problema, além da discrição, pois o dispositivo é completamente
interno, tornando-se uma solução reservada para os pacientes.