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Nova máquina de perfusão abdominal que atinge direto as células do câncer

A equipe multidisciplinar do Hospital Meridional Cariacica utilizou, pela primeira vez no Estado, a nova máquina de perfusão de quimioterapia, em uma peritonectomia (cirurgia para retirada da camada que recobre os órgãos abdominais) com infusão de quimioterapia dentro do abdômen, aquecida a mais de 40 graus Celsius. O equipamento consegue atingir a temperatura ideal, entre 40 e 42º C, para chegar diretamente às células cancerosas.

A cirurgia aconteceu na semana passada, em um paciente com câncer na região do peritônio, que teve início no apêndice. O procedimento foi realizado com êxito, durou cerca de 6 horas e o paciente encontra-se internado para total recuperação.

De acordo com o cirurgião do Aparelho Digestivo da Rede Meridional, Alberto Stein, a técnica consiste em infundir na cavidade peritoneal uma solução de quimioterapia aquecida a 40-42⁰C, por um período de 30 a 90 minutos, após a ressecção de todo o tumor visível. Com o aquecimento, a célula cancerosa remanescente se “abre” e facilita a entrada do medicamento.

O médico explica que a cirurgia combina duas abordagens terapêuticas. A primeira é a cirurgia citorredutora, que tem como objetivo remover o máximo possível de tecido tumoral do abdômen. A segunda é a HIPEC (hypertermic intraperitoneal chemotherapy), quimioterapia intraperitoneal hipertérmica, que consiste na administração de quimioterapia diretamente no abdômen durante a cirurgia.

Durante o procedimento, o cirurgião remove todos os tumores visíveis da região, em seguida faz a lavagem do abdômen com quimioterapia aquecida. A quimioterapia é administrada em temperaturas elevadas para aumentar sua eficácia, uma vez que as células de tumor são mais sensíveis ao calor do que as células saudáveis.

“Já realizamos peritonectomia em alguns pacientes do Meridional, mas essa é a primeira vez que utilizamos essa técnica com a nova máquina de perfusão abdominal. Essas cirurgias são extremamente agressivas e complexas, com duração de até 12 horas. Nessa intervenção conseguimos otimizar o tempo, com a combinação das abordagens terapêuticas em um equipamento mais preciso”, relatou Stein.

Dada a alta complexidade, a cirurgia requer a atenção de uma equipe multidisciplinar especialmente treinada para estas situações. Além de UTI e centro cirúrgico devidamente equipados, são necessários cirurgiões, clínicos, instrumentadores, anestesiologistas, perfusionistas e fisioterapeutas, preparados e habilitados para cuidar dos pacientes.

A cirurgia pode ser utilizada no tratamento de alguns tipos de câncer, como o colorretal, o de apêndice, endométrio, ovário, estômago, mesotelioma. Porém, o especialista esclarece que tem de ser realizado um estudo de caso de cada paciente, pela equipe multidisciplinar (cirurgiões, oncologistas, radiologistas, radioterapeutas) para traçar a melhor estratégia possível para cada paciente, como foi realizado nesse caso.

Stein lembra que, no passado, as expectativas de cura para o paciente com câncer no peritôneo eram baixíssimas. Eles eram submetidos apenas a tratamentos paliativos, o que levava a óbito precoce em decorrência de complicações, principalmente a obstrução intestinal. Com a evolução das técnicas cirúrgicas como a peritonectomia junto com a HIPEC, os pacientes têm mais chances de chegar à cura e, outros, são favorecidos com sobrevidas longas e controle dos sintomas.